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20 de abril de 2014

O feriado mais antigo do mundo: a Páscoa Egípcia

Ilustração: Banquete funerário da tumba do Escriba Contador do Celeiro das Oferendas Divinas Nebamon (reinado de Amenhotep II/Tutmés IV), onde o proprietário e sua esposa Hatshepsut, recebem seus amigos e parentes para uma festa na bem-aventurança eterna, em uma terra onde se vive uma existência sem imperfeições.

O Shamm en-Nisīm, a segunda-feira de Páscoa copta, atravessou séculos, invasões, mudanças de regime e de religião, e até hoje todos os egípcios, independente de credo, cor ou origem festejam em todo o país.

É sabido que o Pesah, a Páscoa judaica que deu origem à Páscoa cristã tradicionalmente nasceu no Egito, quando, como relata o Livro do Êxodo, Deus teria ordenado a seu povo, ainda cativo no Egito, que ingerissem pão não fermentado em sua refeição e marcassem a entrada de suas casas com sangue de cordeiro, para que o Anjo da Morte enviado por Deus os reconhecesse e poupasse seus primogênitos.

A Páscoa egípcia marca o começo da estação das colheitas, o shemu ou shomu, daí o nome copta shom ennisim. Ela é celebrada com consumo peixes defumados e desidratados, lentilhas e, o principal: muita cebolinha asiática (Allium fistulosum). O shemu marca a chegada do khamsin, o vento seco do deserto, que traz muitas alergias e infecções respiratórias. O consumo de cebola (conhecida por suas propriedades expectorantes e bronco-dilatadoras) parece aliviar estes efeitos da chegada desta época. Não parece ser à toa que fizesse parte da ração recebida pelos trabalhadores na construção das pirâmides. 

Pelo país inteiro o odor das cebolas se dissemina nesta época desde aqueles dias do passado mais distante. Por esta razão, os árabes, com a poesia típica de seu idioma, rebatizaram o feriado de Shamm en-Nisīm, que significa “cheirar a brisa” o que, na verdade, vem também da tradição egípcia, assinalada em vários monumentos, estelas e inscrições, como um desejo embutido de saúde e bem-aventurança, pela expressão “que aspires o delicioso sopro do vento norte”. O vento norte, associado ao deus Shu, correspondia ao próprio halite da criação divina, emanado por Atum, o Criador, Segundo a teologia heliopolitana. Este hálito podia ser atribuído também a Ptah-Tatenen, Segundo a teologia menfita, por Khnum, segundo a teologia do extremo sul, por Herishaef (“Harsafes”), segundo a teologia heracleopolitana, e por Aten, segundo a reforma de Akhenaton. A intenção era transformar um período que poderia ser visto como catastrófico, como algo extremamente positivo, e totalmente inserido no plano divino. Aparentemente, as pessoas de classes mais abastadas preferiam uma referência direta com a divindade, pela utilização de botões de lótus, símbolos de Atum e de Nefertum. A representação, nos afrescos de tumbas, destas pessoas no Além, aspirando o odur de botões de lotus, as coloca em contato com o Hálito de Vida do Criador, como se a vida ideal no plano espiritual fosse um eterna Páscoa.

Autor: Robson Cruz

A equipe Egiptologia Brasil deseja à todos uma Feliz Páscoa!


(Artigo originalmente publicado na Página Oficial do Blog "Egiptologia Brasil" no Facebook. Acompanhe-o Aqui.)